Metade saudade

saudade

Era uma vez uma moça que tinha um blog. Blog que este que começou sendo um espaço de poesia, depois virou um lugar pra um dedo de prosa, passou a abrigar motivos dietísticos e afins pra, no fim, falar inglês. Vai ver que, por conta de tantas mudanças, o blog ficou assim meio perdido, sem saber o que fazer. Ou quem sabe a dona do blog foi quem se perdeu no meio do Tennessee, com trabalhos e provas pra todos os lados.

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A verdade é que, mais de 40 dias depois, cá estou eu de volta. E o que aconteceu nesse tempo? Senta que lá vem história…

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Once upon a time…

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A grande novidade é que dia 20 de maio embarco para o Brasil onde fico até o início de agosto. Serão mais de dois meses matando saudades.

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Serão mais de dois meses com saudades.

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Sim, porque agora deixo uma parte de mim no Tennessee. Pessoas queridas (professores, colegas, amigos) que me perguntam quando volto, que dizem que vão me buscar se eu não voltar, que falam que vão sentir saudades.

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E a moça do blog fica assim, metade feliz, metade saudade.

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Gostaria de dizer que vou atualizar mais o blog, que vou movimentá-lo mais, mas sinceramente não sei. Serão dias gostosos, com uma segunda cirurgia plástica no meio do caminho e muitos, muitos queridos pra rever.

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E, claro, serão dias de saudades também. Porque agora eu descobri que sou metade! 😉

 

 

Gotas de esperança ou eu escolho as flores

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Não adianta. Quando a gente lê notícias como as da semana passada, parece que aquele fiapinho de esperança na humanidade que a gente tinha se rompe e ficamos sem saber pra onde correr.

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Tudo perde o sentido, fica sem cor. Começamos a olhar o mundo em volta e a nos perguntar o que ainda estamos fazendo aqui,

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Mas daí a gente assiste a isso aqui:

 

E depois a isso:

 

E é como se do céu, gotas de esperança caíssem pra molhar aquela terra que andava seca, seca.

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E mais uma vez percebemos que, apesar de tudo, existe uma escolha.

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Eu escolho as flores!

Não, eu não mereço

Mulher nenhuma merece ser atacada. Você não merece, eu não mereço. Estando de burca ou de fio dental, de calça jeans ou short curto. Estando vestida ou pelada. Atacar quem quer que seja, pelo motivo que seja, não é certo. Não é legal. Não é direito. Não é bonito.

E você, mulher, precisa entender: se você foi atacada, se você conhece alguém que foi, a culpa não é sua. E nem dela. Você é a vítima. Você não tem culpa da doença dos outros e muito menos da nossa sociedade.

Não existe isso de ela pediu. Não existe isso de ela mereceu. Não existe isso de ela disse não dizendo sim. Violência não tem eufemismo. Violência é violência e ponto final.

E você, mulher, precisa entender: se você concorda com esse pensamento, se você acha que a mocinha de saia curta merece ser atacada, você está dando margem para que isso aconteça com você. Não é porque sua saia está no joelho que você está protegida. Numa sociedade em que a violência não é condenada, ninguém está imune. E mesmo você, que acha que a mocinha pediu pra ser atacada, não merece passar por isso. Você não merece, eu não mereço.

Chega de vitimizar o culpado. Chega de culpar a vítima. Chega, gente. Chega!

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Do que eu tou falando? Disso daqui:

http://revistamarieclaire.globo.com/Comportamento/noticia/2014/03/mulher-que-usa-roupa-curta-merece-ser-atacada-diz-resultado-de-pesquisa-do-ipea.html

E disso daqui também:

http://m.oglobo.globo.com/pais/pesquisa-585-concordam-que-haveria-menos-estupros-se-mulheres-soubessem-se-comportar-12006214

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Sei que os posts por aqui geralmente são leves, mas não posso me omitir diante de um fato gritante desse. Como mulher, como brasileira, como cidadã. Tá na hora de a gente colocar a boca no mundo e fazer alguma coisa. Pra ontem!

O que te define?

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Algumas pessoas se deixam definir por aquilo que falam delas. Outras se deixam definir exatamente por aquilo que não falam. Tem aquelas que são definidas pelos números mostrados na balança, na calça jeans e na camisa. Tem também quem se define por aquilo que tem, enquanto outros se deixam definir exatamente por aquilo que não tem. Sem contar aqueles que deixam sua definição nas mãos da TV, dos jornais, das revistas, das redes sociais. 

Tem gente que se define por suas limitações. Tem outros que são definidos pelos seus problemas. Tem também aqueles que são definidos por marcas do passado ou mesmo do presente. Tem gente que se define por onde veio, por sua família, por suas origens ou falta delas. Tem gente que se define por suas emoções – muitas vezes negativas – em relação a tudo. Enfim, tem muita gente que se deixa definir pelos outros, pelas circunstâncias ou simplesmente por aquilo que vem de fora.

Só que eu preciso te contar um segredo: você não precisa se deixar definir por nada disso. Basta que você decida conscientemente o que te define. Se você decidir que não é a sua aparência que te define, que não é o que você tem que te define, se você decidir que o que te define é quem você é de verdade, tudo muda!

Parece clichê, parece livro de autoajuda, parece mais um textinho motivacional? Sim, parece! Mas quando você assistir ao vídeo abaixo você vai finalmente entender que você tem sim escolha. Você pode escolher ser definido pelo que os outros dizem ou pelo que você é. Você pode escolher ser definido pelo que a balança diz e pelo que você é. E a minha torcida é que você tenha a coragem pra escolher ser definido por quem você é de verdade!

E aí, o que você vai deixar que defina você?

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Post sugerido, há muito tempo atrás, pela Lenir. Brigada pela dica, sis! 😉

Surpreenda-se

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É possível que você passe todos os dias pelo mesmo caminho, que você converse sempre com as mesmas pessoas, faça as mesmas coisas, coma as mesmas comidas. É possível que você viva um dia exatamente como o outro, uma hora passando como a anterior, os momentos simplesmente acontecendo uns após os outros. É possível que sua vida seja uma rotina sem fim, um amontoado de coisas semelhantes se sucedendo, de atitudes praticamente idênticas sendo tomadas. Sim, é possível.

Assim como também é possível que em meio ao caminho de sempre você veja algo diferente, que em meio à conversa de sempre você ouça algo pouco familiar e que, ao comer a comida de sempre, você se surpreenda com um novo sabor. Também é possível que aquele dia que tinha tudo pra ser igual ao anterior simplesmente apresente uma cor diferente, aquela hora exale um perfume especial e os momentos sejam surpreendentes. Também é possível que naquela rotina sem fim algo chame sua atenção, trazendo coisas diferentes e impulsionando atitudes que surpreendam. Sim, também é possível.

E o que faz uma possibilidade diferente da outra? Seus olhos, seus ouvidos, seu coração. Se você tiver olhos que vêem, ouvidos que ouvem e um coração que sente, as coisas de sempre viram coisas surpreendentes.

O problema é que a gente tem olhos que não vêem, ouvidos que não ouvem e um coração que não sente. Sim, eles cumprem seu papel funcional, metabólico. Eles estão ali, piscando, retendo ondas sonoras, batendo. Mas apenas isso. Nós os fechamos para as possibilidades e reclamamos de viver sempre mais do mesmo.

Acredite: a vida pode ser surpreendente. Na verdade, ela é. Basta que você preste bastante atenção em uma criança perto de você. Ela enxerga o mundo com olhos de curiosidade, ouve os sons com ouvidos de surpresa, sente a vida com aquele desejo de quero mais. Não à toa, é preciso ser como criança.

Abra os olhos para as cores, para a beleza, para  a simplicidade. Abra os ouvidos para a melodia, para os sorrisos, para os cochichos. Abra o coração para aquele que está perto de você e o convide a fazer o mesmo. Abra-se para a vida e surpreenda-se.

A hora e a vez dos sonhadores

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Digam o que quiserem, mas a noite de ontem marcou a hora e a vez dos sonhadores. Nos discursos dos dois vencedores ao prêmio de ator e atriz coadjuvante no Oscar, isso ficou bem claro. E em tantos outros momentos também.

Jared Leto foi o primeiro a levar a estatueta e de cara dedicou o seu prêmio a todos os sonhadores do mundo, citando aqueles que tem sonhado e lutado por uma Venezuela e uma Ucrânia melhores. Lupita Nyong´o, ao receber seu prêmio, fez questão de dizer que não importa qual seja o seu sonho, ele é válido.

E os sonhadores, como bem mostrou o Oscar, são os mais diversos possíveis e encontram-se em todos os lugares do globo. Steve McQueen, cineasta britânico, foi o primeiro negro a vencer a principal premiação de Hollywood, o de Melhor filme por “12 anos de escravidão“. O mexicano Alfonso Cuarón se tornou o primeiro latino-americano a ganhar o prêmio de Melhor Diretor, por “Gravidade“. Lupita Nyong´o, a vencedora como Melhor Atriz Coadjuvante, é uma queniana.

Os sonhadores, enfim, romperam barreiras e mostram que vale a pena sonhar. Vale a pena pagar um preço pra tornar o seu sonho realidade. Vale a pena, enfim, acreditar.

Diante disso, fica a pergunta: qual o seu sonho? O que faz o seu coração bater mais forte, as borboletas darem rasantes no seu estômago e o sorriso saltar no seu rosto? O que faz você perder noites de sono, mesmo sem perceber? O que faz você querer acordar todos os dias e enfrentar as dificuldades pra, no final, dizer que não foi em vão?

Como eu já disse aqui, sonhos são bússolas que nos apontam o caminho. Sonhos são mapas que nos mostram a direção. Mas sonhos sem atitude são desperdício de potencial e de energia. Por isso, sonhador, sonhe. Mas faça valer cada segundo do seu sonho. Porque acredite: é chegada a hora e a vez dos sonhadores!

You may say I’m a dreamer
But I’m not the only one

http://www.youtube.com/watch?v=DVg2EJvvlF8

Experimentando e gostando

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Já faz algum tempo que percebo que minha dieta anda BEM monótona. Claro que as restrições ajudam (especialmente aquelas autoimpostas, como o não comer glúten), mas o que mais andava pegando era mesmo a preguiça. Cozinha nunca foi lá uma das minhas grandes paixões, então fui levando até perceber que minha dieta andava MUITO chata e acabava servindo de “desculpa” praquelas escapadelas homéricas.

E o que foi que eu fiz? Resolvi inovar. Sigo uma amiga de São Paulo que faz a dieta Dukan (oi, Carine!) e percebi que muitas das receitas deliciosas que ela faz, com as devidas substituições, poderiam ser incorporadas facilmente ao meu dia a dia.

1661487_10202161482411083_1611883014_nPra não desanimar ou não desistir, resolvi começar devagar e ir incrementando aos poucos as refeições. Então, nesse momento, estou na fase de inovações pro café das manhã e pros lanches. Já fiz panqueca falsa (no liquidificador bata um ovo e uma banana e pronto!, só colocar na frigideira), pão de micro-ondas e muffins de canela. Tudo muito rápido, simples e delicioso. Me empolguei! Sem contar que comer pão, depois de um bom tempo afastada dessa iguaria, chega a ser emocionante!

Pra quem se animou ou simplesmente teve curiosidade, indico dois sites: Receita Dukan, que como o nome já indica apresenta as receitas permitidas pra quem segue a dieta, e o Blog da Mimis, superfamoso e com receitas que, mesmo contendo glúten, podem ser facilmente adaptadas.

1947329_10202166253530358_529800562_nAdaptação tem sido a palavra chave. Como por enquanto só tenho a farinha de arroz (pretendo comprar farinha de coco em breve), toda sugestão de farelo de aveia ou mesmo de soja eu substituo por ela. E tem dado supercerto. Além de substituir o iogurte natural por cream cheese light, já que esse tipo de iogurte eu não encontro aqui. Enfim, o segredo tem sido inovar e tentar. E tem dado certo!

A próxima etapa serão as receitas pro almoço e tou bastante animada pelo que me espera. Mas por enquanto, foco no café da manhã e nos lanches! Delícia!

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Tanto a receita do pão, quanto a dos muffins de canela, estão linkadas no próprio texto. Clicando na palavra, você será direcionado à página com a receita. 😉 E se você quiser me acompanhar na minha próxima aventura culinária, ela será essa aqui (bolo funcional de milho, com as devidas substituições, claro!).

Das coisas importantes

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O que é realmente importante pra você? O que você valoriza de verdade, que você mais preza? Uma dica pra descobrir (caso você não saiba, claro) é ver onde você investe a maior parte do seu tempo, das suas energias, do seu esforço – e, claro, do seu dinheiro.

Não se surpreenda, quando fizer essa análise, ao perceber que o que tem sido importante pra você é aquilo que você mesmo classificaria como futilidades. Sim, infelizmente a gente passa muito tempo, despende muita energia e esforço com coisas que, no fundo, nem acredita serem tão importantes. Mas que acabam se tornando por conta daquilo que fazemos com elas.

Quer um exemplo? Aquele seu colega chato no trabalho. Ele é realmente importante pra você? Sua resposta imediata seria não. Mas antes de dá-la, que tal pensar em quanto tempo voce gasta falando mal dele ou mesmo o pirraçando? Quanta energia você investe simplesmente não gostando dele? Por mais que você não admita, você tem dado toda importância do mundo pra ele.

Isso vale pra tudo. Vale pro colega chato, mas vale pros aborrecimentos da vida, praquela situação desconfortável, pros fracassos, pras dores de cabeça, pros pontos fracos, pras curvas da estrada. Se você investe muito de você em cada uma dessas coisas, elas se tornam sim importantes pra você.

E sabe o que acontece quando você valoriza o que não merece ser valorizado? Aquelas coisas que são realmente importantes vão ficando de escanteio, a vida vai ficando descolorida, os dias vão perdendo o brilho, os momentos simplesmente se repetem e as borboletas no estômago desaparecem.

Se você percebe que está vivendo um momento como esse, talvez seja a hora de mudar o foco. Talvez, como diz a frase ali em cima, seja a hora de você ver onde está construindo sua vida e, caso necessário, fazer uma demolição total e começar a construção do zero. Trabalhoso? Sim, mas extremamente prazeroso também.

Construa a sua vida em torno daquilo que é importante pra você. Valorize o que merece ser realmente valorizado. Invista seu tempo e seu dinheiro no que é realmente precioso. E tenha certeza de plantar um lindo jardim pra onde as borboletas sempre voltarão!

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Sei que hoje seria o dia de falar sobre dietas e afins, mas lendo essa frase da Paula não pude resistir! 🙂

Curtindo o inverno

Então o inverno bate à porta (literalmente e metaforicamente) e algumas posibilidades se apresentam: lutar contra ele, o que já garantiria de cara uma derrota homérica; maldizê-lo, o que não mudaria nada; fazer de conta que ele simplesmente não chegou, o que só tornaria as coisas mais difíceis; aprender a curtí-lo, com toda a sua frieza, os seus incômodos e a sua intensidade. Sim, eu escolhi a última possibilidade e tive uma das tardes mais divertidas desde que cheguei nesse lugar que, carinhosamente, chamo de Snowland.

Tirei inúmeras fotos, curti a neve, quase congelei os dedos das mãos (mesmo estando com luvas), encarei o sledding, encarei a neve fofa e, ao final de tudo, ainda comi um pão de queijo quentinho servido com um delicioso café.

E mais uma vez, fica a pergunta: o que mudou? Com certeza não foi a estação. O inverno continua aqui, inclemente, cancelando aulas e plano, esfriando até o pensamento. O que mudou então? A minha maneira de passar por ele. Se ele é o caminho pra que logo mais eu primavere, pra que logo mais eu floresça; se ele é mesmo gelidamente inevitável, o jeito é aproveitá-lo e fazer de cada floquinho de neve uma lembrança de que logo mais as flores virão!

Invernando

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Olhar lá fora e ver que a neve não para de cair. Perceber que ela já se acumula sobre as calçadas, as ruas, os carros. Procurar um caminho que seja pra sair e simplesmente não encontrá-lo. Essa é a paisagem que consigo enxergar pela janela da minha casa. E hoje, especificamente hoje, também consigo vê-la pela janela da minha alma.

Nem todos os dias são de sol aqui dentro. Há dias, como hoje, ontem e talvez essa semana toda, em que o inverno chega com força. A neve não para de cair, o vento não para de soprar e todos os caminhos parecem simplesmente interdidados. A tristeza invade, a melancolia chega e um cobertor costurado com saudade é a única coisa que aquece. Inverna dentro de mim.

Talvez, pra quem vê de fora, a paisagem parece linda, perfeita. Há neve por todos os lados, uma película branca cobre toda a paisagem. Mas pra quem consegue enxergar um pouco mais além, o inverno pode ser desolador: não há folhas, não há flores, não há frutos. Há apenas resquícios do que se foi.

Desesperador? Enquanto se está no meio dele, provavelmente. Muita energia, muito esforço despendido e tudo o que se vé é desolação. Quanto mais se luta contra, menos se avança.

Então, o que fazer? Talvez, o mais correto, seja entender que invernar faz parte do ciclo. É preciso o inverno chegar, e passar, pra que finalmente a primavera chegue. É preciso que caiam as folhas para que no momento certo as flores apareçam. É preciso que a paisagem se transforme pra que, dentro de algum tempo, ela se renove. É preciso suportar o frio pra que o coração lá na frente se aqueça.

Por mais que eu não veja, é invernando que posso um dia primaverar. 🙂